quarta-feira, 23 de novembro de 2016

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Caspa
Dicas simples para orientar suas clientes


A caspa é uma doença que deixa muitas pessoas constrangidas. E muitas vezes ela é confundida com falta de higiene pessoal da pessoa que a tem.

Talvez algumas de suas vocês ou seus clientes tenham caspa e esse artigo, escrito pelo médico dermatologista Doutor Gabriel Sampaio de São Paulo, pode ajuda-los a cuidar desse incômodo. E também, claro, esse conhecimento é um cuidado a mais que você demonstra com a sua cliente, cuidando melhor dela, e fazendo-a retornar ainda mais para os seus serviços.

Espero que gostem do artigo abaixo:



“A caspa ou dermatite seborréica é uma descamação que ocorre no couro cabeludo (a pele onde ficam os cabelos) e afeta grande parte da população. Primeiramente, para entender o porquê da pessoa ter caspa temos que esclarecer que este problema é crônico e como toda doença crônica ela tem controle mas não tem cura.

Por isso, você já deve ter-se questionado que já fez vários tratamentos para eliminar a caspa e elas até desaparecem por um tempo, porém, meses ou até anos depois elas voltam. E junto com isso vem o estresse por ver aquelas escamas brancas saindo dos cabelos, no ombro, na roupa, conferindo muitas vezes um falso aspecto de sujeira.

Por ser uma característica individual com participação genética, provavelmente você ou alguém próximo já deve ter feito a observação que alguns parentes próximos também sofrem desse mesmo problema. Mas além dos fatores genéticos, podemos citar como participantes desse processo: a oleosidade do couro cabeludo, algumas espécies de fungo que habitam nossa pele e a resposta inflamatória da pele contra todo esse processo.

Vamos tentar explicar o passo a passo da formação da caspa: nossa pele normalmente produz um sebo rico em substâncias gordurosas que conferem a oleosidade da pele. Algumas pessoas logicamente produzem mais que outras e por isso possuem mais oleosidade que outras. Esse “sebo” além de ser um fator irritante e desencadeante por si só da caspa ou dermatite seborreica, ele também serve como alimento e fonte de nutrientes para alguns fungos que habitam a nossa pele.

Esses fungos são comensais, ou seja, eles convivem normalmente na nossa pele, fazem parte da nossa flora e não adquirimos de ninguém nem passamos para ninguém. E, também, por características individuais, algumas pessoas possuem mais ou menos fungos na pele que, ao se alimentar desses óleos, produzem outras substâncias que geram inflamação e irritação na pele. Por fim, cada pele reage com inflamações e irritações diferentes. Mas grosso modo, o resultado final será a vermelhidão (eritema), a coceira (prurido) e a descamação (caspa) que caracteriza a caspa ou dermatite seborreica.

Acho que agora podemos entender que esse tripé: oleosidade, fungos e inflamação. Cada um destes com respostas individuais e, portanto, confirmando porque algumas pessoas não possuem caspa e porque outras pessoas possuem, mas com intensidades variáveis de um para outro.

A caspa é uma doença crônica que pode ser confundida com falta de higiene


 Sabemos também que alguns hábitos no nosso dia a dia contribuem para isso, porque direta ou indiretamente vão interferir ou influenciar em um daqueles elementos do tripé. Por exemplo, sua pele e cabelo já podem ser normalmente mais oleosos, porém, se você não os lava com frequência, permanece com os mesmos molhados, usa produtos que aumentem a oleosidade (condicionadores, pomadas, géis, mousse, creme para pentear etc) ou se alimenta com alimentos ricos em gordura e óleos, tudo isso vai aumentar a oleosidade da pele e, consequentemente, a chance de ter caspa.

Sabemos também que a mudança climática (umidade e temperatura), estresse físico ou psicológico, privação do sono, doenças ou medicamentos podem num ponto final alterar a sua imunidade e, consequentemente, alterar a resposta inflamatória da pele frente a esses óleos, fungos, sebo etc.

Por isso é tão comum vermos pacientes que relatam piora da caspa após estarem estressados, dormindo pouco ou em certas estações do ano quando muda a temperatura e a umidade.

Agora vamos falar um pouco sobre o tratamento. Lembrando, mais uma vez, que é uma doença crônica e conseguiremos controlar as “crises”, mas a depender de causas externas a inflamação, a coceira e a descamação voltarão. Ainda baseado naquele tripé, teremos medicamentos para controle da oleosidade, diminuir a população de fungos e controlar a resposta inflamatória (coceira, vermelhidão e descamação). A maioria destes em formulações tópicas (xampus, loções), mas em alguns casos mais graves precisamos utilizar medicamentos orais para controlar esse processo. Há vários xampus disponíveis no mercado, alguns apenas com componentes anti-oleosidade, outros com ação antifúngica e/ou anti-inflamatória. Nós dermatologistas utilizamos também algumas fórmulas manipuladas “mais fortes” para tentar combater alguns casos mais severos.

Por fim, para todos os casos damos algumas orientações gerais para quem tem caspa no intuito de combater a crise ou pelo menos evitar que elas te atinjam com tanta frequência:

- Lave seus cabelos diariamente com um xampu apropriado;
- Ao sair do banho, seque bem os cabelos. Se necessário, use um secador à distância. Não durma com os cabelos molhados. A umidade do cabelo favorece o crescimento dos fungos além de aumentar a oleosidade;
- Opte por xampus com controle de oleosidade ou anticaspa;
- Prefira banhos com água gelada ou morna. Água quente favorece oleosidade do couro cabeludo;
- Evite condicionadores, pomadas, cremes sem enxague, gel ou mousse para cabelos. Isso torna os cabelos mais oleosos;
- Evite bonés que aumentam a oleosidade, umidade e suor no couro cabeludo. Isso também favorece o crescimento dos fungos;
- Uma alimentação balanceada pobre em gorduras, uma boa noite de sono e uma vida com menos estresse além de ser útil para todo mundo também é um fator de prevenção para caspa.
A caspa, portanto, é bastante comum e seus efeitos podem ser controlados e/ou atenuados.

Com essas dicas simples que acabamos de descrever você já pode prestar atenção ao seu dia a dia e identificar se há algum mau hábito que pode contribuir para o surgimento ou agravamento da caspa.

Espero que tenham gostado.



Gabriel Sampaio – Dermatologista

Imagens:Internet