Cabelo Afro-étnico: necessidade de cuidado redobrado
Quando se fala em cabelo afro-étnico vêm logo à mente uma cabeleira vasta e volumosa, preenchida por fios com alto grau de encaracolamento e muitos problemas para cuidado rotineiro.
Mas só o completo entendimento deste anato-fisiologia tão peculiar pode trazer a consciência na escolha dos produtos cosméticos e na manutenção da saúde dos fios.
Os cabelos crespos e muito crespos estão sujeitos a formar nós espontaneamente ou pela ação mecânica de penteados e trações.
São mais ressecados que os cabelos lisos ou ondulados devido à dificuldade dos lubrificantes naturais do couro cabeludo necessitar vencer uma extensão muito grande de curvas, nunca atingindo as pontas dos fios.
Além disso, é também bastante suscetíveis aos danos e desgastes de cutícula, o que resulta num aspecto opaco e quebradiço do fio.
O simples ato de pentear-se diariamente ou friccionar os fios para secá-los após a lavagem pode causar alterações na estrutura já fragilizada deste tipo de cabelo.
Os principais danos causados à cutícula dos cabelos crespos são:
Ruptura do fio ou quebra vertical: É o estresse cíclico causado pelas altas temperaturas de secagem ou modelagem com ferro de ondulação e alisamento.
Dicas para prevenção: Intenso condicionamento e uso de secadores e ferro moduladores com temperatura inferior a 75° C, além de cuidar para não atingir o couro cabeludo.
Dicas para reparo: Use produtos para proteção térmica, denominados de hair scalp ou hair food no ato da modelagem Tais compostos contém ativos que plastificam e fortificam a cutícula, formando um filme que se polimeriza com o calor, prevenindo a evaporação da água e promovendo a coesão da cutícula.
Mas também é essencial hidratá-los frequentemente, de preferência antes da modelagem.
Os hidratantes ajudarão a retardar a ocorrência de danos à cutícula.
Formação de pontas duplas: São causadas pelas torções no ato de desembaraçar os cabelos e enxugá-los com toalha.
Dicas para prevenção: Evite embaraçar os fios fazendo uso de shampoos específicos para cabelos crespos (detangling) que contém agentes pseudocatiônicos facilitadores do penteado.
Na secagem com toalha de tecido procure não torcê-la ou enrolá-la, apenas pressione-a para remover o excesso de água.
Dicas para reparo: Use diariamente um reparador de pontas e corte-os frequentemente. Fio velho é fio frágil.
Abrasão: São danos causados pela força aplicada diariamente durante o penteado dos fios, agravado pela falta de umidade.
Essa secura acarreta em falta de brilho e maleabilidade.
Dicas para prevenção: Usar produtos hidro-retentores, que fixem a umidade nos fios, como os produtos leave-in contendo pantenol, a regeneradora pró-vitamina B5, que garante hidratação constante ao cabelo.
Dicas para reparo: Máscaras semanais nutrientes com vitaminas, queratina e proteínas vegetais, que fornecem um aporte alimentar intenso à fibra capilar.
Dicas de beleza:
Número 1
O cabelo Afro-étnico e os tratamentos químicos/I
Durante a permanente afro, descoloração, tintura ou relaxamento evite pentear os fios com pentes finos ou tracionar demais os cabelos para desembaraçar.
No momento desta "química" o fio está sensível demais e penteá-lo pode lesar a cutícula, arrancando pedaços invisíveis de proteína e danificando seriamente o cabelo.
O resultado aparece como um cabelo eriçado, com pontas duplas e sem brilho.
O ideal é trabalhar com um pente largo ou mesmo com os dedos, que desembaraçam sem agredir.
Número 2
O cabelo Afro-étnico e a lavagem rotineira
Prefira os shampoos específicos, que contém agentes desembaraçantes e condicionadores. Estes produtos evitam que os fios se embaracem e exigem menor força de atrito.
Procure pelos seguintes ingredientes no seu shampoo:
* Poliquaternários
* Proteínas animais ou vegetais quaternizadas
São agentes doadores de penteabilidade, controlam a eletricidade estática gerada pelo ato de pentear e ajudam a proteger o fio.
Número 3
O cabelo Afro-étnico e os tratamentos químicos/II
Uma vez formada na raiz a fibra capilar não é mais reparada, isto é, não se regenera como a pele.
Portanto após tinturas, descoloração, relaxamentos e alisamentos, os cabelos que receberam "químicas" são susceptíveis aos danos.
Os retoques da raíz são a chave para não danificar os fios, reaplicando somente na área que cresceu, normalmente 3 cm após 3 meses.
As tinturas normalmente alteram a cor depois de 1 mês, prefira começar a coloração pela região virgem, deixe em torno de 20 minutos e somente depois puxe a coloração para a área anteriormente colorida.
Os tratamentos mais solicitados nos salões de beleza são os de Relaxamento e Alisamento. A base dos produtos destinados a realizá-los atua quebrando as ligações das moléculas capilares, deixando-as em uma nova posição, modificando o formato dos cabelos.
Atualmente os produtos para cumprir estas finalidades são formulados a partir de 3 diferentes substâncias:
Hidróxido de Sódio
São produtos alcalinos, pH 13, e uma lixívia cáustica que pode danificar os cabelos, produzindo queimaduras no couro cabeludo e até mesmo cegueira, caso atinja os olhos.
São restritos ao uso por profissionais, produz um alisamento químico permanente e de eficiência máxima.
Dicas de uso: Aplicar o produto respeitando 0,50 cm de distância do couro cabeludo.
Não use calor para acelerar a ação do produto, pois pode danificar o fio e o couro cabeludo.
Não use mais de 4 vezes ao ano.
É indispensável lavagem com neutralizante ácido após uso do produto.
Tioglicolato de Amônia
Apresentam um pH alcalino, que remove o sebo protetor facilitando a sua penetração nos fios.
Devem ser aplicados sobre os cabelos úmidos, permanecendo de 15 a 20 minutos.
Estica-se os fios com o pente, aplica-se um neutralizador para refazer as pontas em sua nova configuração.
O Tioglicolato de Amônia apresenta um forte odor de amônia e também pode irritar a pele.
Este produto produz um alisamento químico permanente e de eficiência moderada.
Dicas de uso: Proteja a pele com vaselina sólida.
Hidratar os fios antes a depois do alisamento.
Não lavar os cabelos 48 hs antes de usar o produto.
Produtos formulados com Tioglicolato de Amônia são incompatíveis com Hidróxido de Sódio.
Hidróxido de Guanidina
São conhecidos como produtos sem lixívia. Essa substância também possui um pH alcalino, sem odor, sendo mais eficiente que o Hidróxido de Sódio e menos agressivo à pele.
Necessita de um neutralizador ácido. O Hidróxido de Guanidina é composta por 2 ingredientes:
Hidróxido de Cálcio e Carbonato de Guanidina, misturados na hora da aplicação.
Dicas de uso: Para conseguir efeito relaxante e não alisante nunca use pentes durante a aplicação.
O produto misturado deverá ser usado em 24 hs, depois perderá o efeito.
Efetue a prova de toque
Nunca aplique em gestantes ou clientes...
Antes de optar por qualquer um dos tratamentos analise todos os métodos com um profissional experiente , escolhendo um salão idôneo e uma época propícia para se submeter ao processo.
Controle todos os tempos e etapas da "química" e certamente você terá sucesso.