Surfactantes de Sulfatos....
Oi pessoal, tudo bem?
Já fazia muito tempo que eu estava devendo esse post para
vocês, já vou adiantando que o assunto é longo e tentei resumir ao máximo.
Surfactantes de Sulfatos...
Para começar vamos entender o que eles são e quais suas
funções.
Os surfactantes, ou tensoativos são compostos que possuem
atividade na superfície de interface entre duas fases, tais como óleo-agua, ou
seja, eles são capazes de interagir tanto com gorduras (apolares) e com água
(polar), por isso são chamados de moléculas afipáticas, pois podem interagir
com polares e apolares.
As moléculas de surfactantes por sua vez, possuem duas
regiões diferentes: uma região apolar, e outra polar ou iônica. Eles podem ser
classificados em: neutros ou iônicos.
Os iônicos podem ser: Catiônicos, nos catiônicos os cátions
da molécula formam a região tensoativa; aniônica, nos aniônicos os ânions da
molécula é que formam a região tensoativa; anfóteros, nos anfóteros, dependendo
do pH da solução ele pode apresentar grupos aniônicos, catiônicos ou neutros
(não-iônicos).
Os surfactantes não-iônicos (neutros) possuem uma região
hidrofílica(quem tem afinidade com a água) com um ou mais grupos polares.
Simplificadamente, os surfactantes são moléculas capazes de
interagir com a água e também com moléculas não solúveis em água (como óleos,
gorduras, silicones insolúveis, etc.) graças a essa propriedade elas são
capazes de carrear a sujeira dos nossos cabelos, pois se ligam as “sujeiras”
(óleos, gorduras, excesso de produto como silicones e etc.) e também se ligam a
água, sendo carreadas por ela.
O principal ingrediente dos shampoos são os surfactantes,
afinal os shampoos têm como principal função de promover a limpeza dos cabelos.
Os surfactantes mais usados em shampoos são os surfactantes
de sulfato, ou seja, que possuem sulfatos em sua composição, eles são baratos,
possuem um alto poder de limpeza, além de promover uma boa espuma. Os consumidores
têm uma ideia errada de que quanto mais espuma uma shampoo faz mais ele limpa,
por isso os fabricantes de shampoos procuram tensoativos que possuam uma alta
capacidade de formação de espuma. Mas a
quantidade de espuma não determina o poder de limpeza e um shampoo.
Lauril sulfato de sódio (Sodium Lauryl sulfate), é um dos
tensoativos mais comuns, é barato, possui um bom poder de limpeza e também um
alto poder espumógeno.
Lauril éter sulfato de sódio (Sodium laureth sulfate) é uma
molécula um pouco maior que o lauril sulfato de sódio e também é derivada dele,
é uma agente de limpeza muito eficiente.
Outros exemplos: Lauril sulfato de Amônio, Lauril éter
sulfato de amônio, etc.
Então, qual é o problema com os sulfatos?
De uma maneira geral os surfactantes de sulfato são muito
agressivos, justamente pelo seu alto poder de limpeza ele remove impurezas e
sujeiras mais acaba removendo também óleos essenciais ao nosso couro cabeludo,
causando o ressecamento do couro e por consequência também dos nossos fios.
Muitos shampoos têm em suas formulações agentes condicionantes e
co-surfactantes para minimizar as agressões, eu já falei um pouco sobre isso
nesse post aqui.
Aqui tem um estudo da Unicamp sobre o uso dos sulfatos,
recomendo a leitura completa do artigo, e vou colar aqui um pequeno trecho.
“O simples uso diário de xampu faz mais do que eliminar as
partículas de sujeira, de poluição e o sebo do couro cabeludo que se acumula
nos fios. Ele é tão eficiente que remove até mesmo pequenas partes do próprio
fio, contribuindo para produzir danos microscópicos em sua estrutura, alterar a
cor e torná-lo mais quebradiço, em especial nas pontas, como comprovaram Inés e
a química Carla Scanavez.
Em experimentos no laboratório de físico-química aplicada da
Unicamp, Carla decidiu verificar o que cuidados simples diários, como a lavagem
com xampu, a escovação e o uso de secador, faziam com o cabelo. Em uma primeira
bateria de testes, ela colocou mechas de cabelos castanhos que nunca haviam
passado por tratamento químico de molho por 8, 16, 24 e 32 horas em um
recipiente com água a 40 graus Celsius e uma pequena dose do principal
componente ativo dos xampus, o detergente lauril sulfato de sódio. Analisando
os fios ao microscópio eletrônico, Carla constatou que a partir de 16 horas de
lavagem ? ou dois meses de banhos diários de 15 minutos ? surgiram buracos e
trincas na cutícula, a parte mais externa dos fios, composta por 6 a 18 camadas
de placas sobrepostas como escamas.
Os danos aos fios aumentaram quando, numa segunda etapa,
Carla tentou reproduzir uma situação mais próxima à que as mulheres enfrentam
no cotidiano. Em vez de deixar as amostras de cabelo de molho, ela passou a
esfregá-las suavemente com xampu por dois minutos, antes de enxaguá-las com
água quente. Em seguida escovou as mechas molhadas, secou-as com um secador de
cabelos e tornou a penteá-las. Desta vez os prejuízos apareceram mais cedo. ?A
partir de 20 repetições começa a haver danos nas cutículas?, conta Carla.
Executado 120 vezes, o equivalente a quatro meses de
lavagens,
escovações e secagens diárias, esse tratamento praticamente
eliminou as cutículas. Afetou também o córtex, região interna do fio que
concentra 80% da queratina do cabelo, proteína que lhe confere uma resistência
à tração maior que a do aço ? só se rompe facilmente um fio de cabelo por causa
de seu reduzido diâmetro, que varia de 50 a 100 micrômetros (milésimos de
milímetro). Um mês de banhos com essa mesma duração deixou o cabelo perceptivelmente
mais claro.”
Ou seja, como mostra o estudo os sulfatos são sim
prejudiciais aos nossos fios e cerca de 90% dos shampoos no mercado tem como
principal agente de limpeza o lauril sulfato de sódio e o lauril éter sulfato
de sódio.
Mas, e agora o que fazer?
Atualmente já existem no mercado shampoos sem sulfato, e que
possuem em suas formulações agentes de limpeza mais suaves e menos agressivos.
Além de agredir menos os fios, os shampoos sem sulfato, chamados também de
sulfate free, prolongam a cor dos cabelos por mais tempo e também prolongam a
duração das escovas progressivas.
O uso dos shampoos sem sulfato é recomendável para todos os
tipos de cabelo, principalmente cabelos secos, extra secos, cacheados, crespos,
coloridos (para preservar a cor por mais tempo), quimicamente tratados.
Porém, uma vez que você começa a usar shampoos sem sulfato o
uso do óleo mineral deve ser evitado, pois alguns surfactantes mais suaves
usados em shampoos sem sulfato não removem bem o óleo mineral.
Não vou falar para ninguém jogar seus shampoos fora e
comprar novos shampoos sem sulfato. Mas eu aconselho a comprar um shampoo sem
sulfato e ir intercalando com o shampoo comum até mesmo para ver se você se
adapta a esse tipo de shampoo, pois, algumas pessoas têm dificuldade de
adaptação.
Atualmente estou intercalando, usando um shampoo sem sulfato
da Matrix-Biolage Colorcarethérapie (que é maravilhoso, agradeço muito minha
amiga Fefa por ter me dado ele, super hidratante muito bom), e vou intercalando
com os meus shampoos comuns.
Caso você se adapte ao shampoo sem sulfato o ideal é que
conforme seus shampoos comuns forem acabando você vá comprando shampoos sem
sulfatos e vá deixando os sulfatos de lado, ou passe a intercalar sempre com
sulfatos e sem sulfatos, a fim de minimizar os danos.
E se eu não quiser abandonar os sulfatos?
Mas de uma maneira geral eu sugiro que vocês pelo menos
tentem usar shampoos sem sulfato, algumas pessoas dizem que no começo é mais
complicado, mas que depois é melhor coisa que existe. Então não custa nada
tentar né?!
Surfactantes de sulfato que são prejudiciais:
Lauril
sulfato de sódio
Lauril Éter Sulfato de sódio
Sodium Lauryl Ether Sulfate
Laurel Éter Sulfato de amônio
(existem muito outros, listei apenas os mais comuns).
Alguns surfactantes mais suaves:
Dissodium Laureth Sulfosuccinate,
Cocamidopropyl Betaine,
Sodium Lauroyl Sarcosinate,
Lauryl Glucoside.
(existem muito outros, listei apenas os mais comuns).
Algumas opções de shampoos sulfate free