terça-feira, 13 de julho de 2010

Os perigos do formol


A substância é ilícita. Isso, por si só, é motivo mais do que suficiente para bani-la dos salões. Ponto. Para além da proibição, no entanto, já não restam dúvidas: o produto químico pode provocar câncer

por Thais Cavalheiro




Todo eles fazem tudo sempre igual: com pequenas variações no método, lavam o cabelo da cliente com xampu antirresíduos, secam, aplicam uma mistura de defrisante, queratina líquida e formol, escovam com secador e passam a chapinha bem quente. Isso, no mínimo, uma vez ao longo do expediente. Sim, esse é um assunto que diz respeito diretamente a você, cabeleireiro. Lamentamos informar: quem se expõe durante toda a jornada de trabalho, mês após mês, aos vapores do formaldeído, o outro nome da substância química usada na técnica da escova progressiva, integra o grupo de risco para desenvolver um câncer.



Se você duvida desse potencial cancerígeno e dá de ombros, achando que há um certo exagero quando o assunto é o mal afamado formol, aceite nossa sugestão: faça uma busca no Pubmed – base virtual de dados bibliográficos, que pertence ao governo americano e armazena artigos científicos de todo o planeta. Tida como a mais séria da medicina, ela registra nada menos do que 2.484 artigos sobre a relação entre formol e câncer!



Os antenados nas notícias internacionais sobre procedimentos estéticos perguntariam: “Como existem tantos estudos se a técnica brasileira de alisamento foi exportada há pouco tempo?” Ocorre que há décadas o formol é largamente utilizado nos mais diversos setores da indústria – da fabricação de celulose à de tintas e corantes, passando por resinas, espelhos e desinfetantes.



Um dos trabalhos mais recentes sobre a questão, publicado em maio de 2009 no Journal of the Nacional Cancer Institute, a prestigiada revista do Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos, dá conta de que os operários da indústria expostos a altos níveis de formol tiveram maior probabilidade de morrer de vários tipos de câncer de sangue e do sistema linfático, principalmente leucemia, do que os que não tinham tido contato com a substância. Foi um trabalho de fôlego: durou 40 anos e pesquisou 25 mil trabalhadores.


Materia publicada na Revista Cabelo & Cia de Junho 2010

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