quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Shampoo

SHAMPOO “BOMBA”, E QUE BOMBA!


Caros amigos leitores, hoje trago para vocês uma matéria importantíssima, divulgada pela minha querida mestra e amiga Sonia Corazza, trazendo alguns esclarecimentos sobre substancias ativas.
Com esse mundo virtual bem ativo, as informações chegam muito rápido seja elas boas ou ruins, e cabe a nos termos o discernimento de saber se a mesmas vem de canais seguros ou de especuladores.


SHAMPOO “BOMBA”, E QUE BOMBA! Por Sonia Corazza

Que Nossa Senhora Protetora da Química clareie o conhecimento do mundo!

Todo dia leio absurdos impensáveis nos blogs de algumas meninas “metidas a químicas”. Acabo deixando prá lá, porque é tanta bobagem junta, que dá até dor de estômago. Mas hoje não consigo ficar quieta....

Meu amigo Selmo Araujo, profissional de uma capacidade incontestável, sugere que eu fale sobre a receita do “Shampoo Bomba”, vem de uma dessas fedelhas que ensinam a misturar qualquer shampoo sem sal com Monovin A e Bepantol.

Vamos esclarecer a sequência de absurdos:

1- “Qualquer” shampoo significa que a blogueira não tem a mínima ideia do caráter iônico nem a composição complexa desse tipo de fórmula. Será que “qualquer” shampoo usa alquil sulfatos? Em caso positivo, tais tensoativos já contem cloreto de sódio como subproduto de reação. Considerado que 99% dos shampoos comercializados no mundo contém alquil sulfatos, notadamente laurel éter sulfato de sódio, a blogueira deveria ser mais cautelosa, pois comprar “qualquer” shampoo sem sal vai ser bem difícil.

Quais são os outros componentes da fórmula de “qualquer” shampoo”? Será que vai haver alguma incompatibilidade iônica ou química com os ingredientes do Monovin A ou do Bepantol? Hummmmmmmm, boa pergunta!

2- Nada contra o produto comercial Monovin A. Trata-se de vitamina A, em veículo OLEOSO, para uso VETERINÁRIO. Porém o “qualquer” shampoo é uma fórmula AQUOSA, mais um inconveniente para que a fórmula do shampoo BOMBA seja viável.

Monivin A é um produto para uso injetável em GADO e outros animais de grande porte, com algum desses sintomas:

Afecções oculares: conjuntivites, querato-conjuntivites, xeroftalmia e cegueira noturna (hemeralopia), em caninos, felinos e bovinos.
- Diarréias, andar vacilante e incoordenado, levando a paralisia das patas, traseiras; posição anormal da cabeça, observando-se nas carências mais acentuadas a cegueira noturna (hemeralopia), em suínos;
- Transtornos nervosos com incoordenação muscular, passo vacilante e ataques convulsivos em bovinos, eqüinos e ovinos;
- Esterilidade, abortos ou partos com fetos mortos em suínos e bovinos.
- Sintomas gerais: como afecções cutâneas e pêlo sem brilho.

Se vc é uma “vaca” ou “porca” e seu pêlo está sem brilho, vale a pena falar com seu veterinário sobre esse medicamento injetável.

Mas se vc faz parte do gênero humano, saiba que a Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária impõe regras rígidas sobre o uso de vitamina A e seus derivados em cosméticos. Se quiser saber mais, veja aqui:
http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/informa/parecer_retinoides.htm

3- Amo Bepantol! Trata-se de uma família de formulações muito bem feitas, trabalhei nestes projeto para a Bayer por pelo menos 3 anos e sou fã da linha inteira. Aliás sinto-me até responsável por parte do sucesso que a linha faz devido ao meu trabalho para colocar os produtos na seara cosmética.

Mas não se pode misturar nenhum produto da linha Bepantol com nada, pois as fórmulas são equilibradas para oferecer seus benefícios como foram concebidas. Isso significa que o sistema de conservantes usados garante a segurança contra o ataque de microorganismos nocivos pelo prazo de validade que está escrito na embalagem. Todas as outras categorias de ingredientes químicos também foram calculados, equilibrados e testados para garantir eficácia e segurança.

Sabe o que acontece quando se mistura um produto com qualquer outra coisa?

A sua segurança toxicológica vai para o lixo!

Além da contaminação com bactérias, fungos e outros bichos que vc não enxerga, a sua pele, couro cabeludo e mucosas ficam suscetíveis a sensibilização e vc pode desenvolver reações de irritação cutânea, erupções, vermelhidão, coceira, descamação e mais uma lista imensa de manifestações de desconforto.

Quem testou a eficácia dermatológica dessa fórmula? Quem comprova que vai funcionar? Qual laboratório de teste clínico fez esse estudo? Quem avaliou a estabilidade físico-química dessa fórmula? E o desafio microbiano, chamado Challenge test do sistema conservante, quem fez?

E sabe com quem vc reclama, fala, pede explicação? Com a blogueira! Afinal nem a Bayer, fabricante do Bepantol, nem a empresa fabricante do “qualquer” shampoo, nem a Groline, produtos pecuários, nenhuma destas empresas, nem seus químicos são responsáveis por essa fórmula, que vc há de convir, realmente é uma “BOMBA”!

Pessoal, esqueçam essas receitas “milagrosas”! As empresas sérias investem tempo, recursos financeiros e contratam químicos éticos, detentores de conhecimento real acumulado numa vida para formular produtos seguros e eficientes. Se algum “milagre” cosmético for possível, vai sair dos laboratórios qualificados de profissionais com essa capacidade.

                                                                          
Sonia Corazza