segunda-feira, 4 de abril de 2011

Formol ou Formaldeído




O formol ou formaldeído, solução a 37%, é um composto líquido claro com várias aplicações, sendo usado normalmente como preservativo, desinfetante e antisséptico. Também é usado para embalsamar peças de cadáveres, mas é útil também na confecção de seda artificial, celulose, tintas e corantes, soluções de ureia, tioureia, resinas melamínicas, vidros, espelhos e explosivos. O formol também pode ser utilizado para dar firmeza nos tecidos, na confecção de germicidas, fungicidas agrícolas, na confecção de borracha sintética e na coagulação da borracha natural. É empregado no endurecimento de gelatinas, albuminas e caseínas. É também usado na fabricação de drogas e pesticidas.

Toxicidade

O formol é tóxico quando ingerido, inalado ou quando entra em contato com a pele, por via intravenosa, intraperitoneal ou subcutânea. Em concentrações de 20 ppm (partes por milhão) no ar causa rapidamente irritação nos olhos. Sob a forma de gás é mais perigoso do que em estado de vapor.

Carcinogenicidade (avaliação do potencial cancerígeno)

Em quatro instituições internacionais de pesquisa foi comprovado o potencial carcinogênico do formaldeido.

• Em 1995, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classificou este composto como sendo carcinogênico para humanos (Grupo 1, julho 2004), tumorogênico, teratogênico por produzir efeitos na reprodução para humanos. Em estudos experimentais, demonstraram ser também para algumas espécies de animais.

• Agência de Proteção Ambiental (EPA), dos EUA: “O composto foi avaliado pelo grupo de avaliação de carcinogenicidade da ACGIH e foi considerado suspeito de causar câncer em humanos “ [015,415,421].

• Associação de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA), dos EUA: considera que o agente é suspeito de causar câncer para humanos.

• O Programa Nacional de Toxicologia dos EUA (Fourth Annual Report on Carcinogens) de 1984 considerou que o formaldeído é um agente cancerígeno nas seguintes doses para ratos:por via oral, 1170 mg/kg/; por via dérmica 350 mg/kg e por via inalatória 15 ppm/6 horas

Sintomas em caso de intoxicação

A inalação deste composto pode causar irritação nos olhos, nariz, mucosas e trato respiratório superior [036, 151, 301,406]. Em altas concentrações pode causar bronquite, pneumonia ou laringite [036,151].

Os sintomas mais freqüentes no caso de inalação são fortes dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema pulmonar [215]. O contato com o vapor ou com a solução pode deixar a pele esbranquiçada, áspera e causar forte sensação de anestesia e necrose na pele superficial.

Longos períodos de exposição podem causar dermatite e hipersensibilidade, rachaduras na pele (ressecamento) e ulcerações principalmente entre os dedos; podem ainda causar conjuntivite [036,151].

O vapor de formaldeído irrita todas as partes do sistema respiratório superior e também afeta os olhos. A maioria dos indivíduos pode detectar o formol em concentrações tão baixas como 0.5 ppm e, conforme for aumentando a concentração até o atual limite de Exposição Máxima, a irritação se dá mais pronunciada.

Medições das concentrações de formaldeído no ar em laboratórios de anatomia no ar têm apontado níveis entre 0,07 e 2,94 ppm (partes por milhão). Uma relação entre a concentração e os sintomas podem ser feitos:

0,1 a 0,3 ppm: menor nível no qual tem sido reportada irritação;

0,8 ppm: limiar para o odor (começa a sentir o cheiro);

1 a 2 ppm: limiar de irritação leve;

2 a 3 ppm: irritação dos olhos, nariz e garganta;

4 a 5 ppm: aumento da irritação de membranas mucosas e lacrimejação significativa;

10 a 20 ppm: lacrimejação abundante, severa sensação de queimação, tosse, podendo ser tolerada por apenas alguns minutos (15 a 16 ppm pode matar camundongos e coelhos após 10 horas de exposição;

50 a 100 ppm: causa danos severos em 5 a 10 minutos (exposição de camundongos a 700 ppm pode ser fatal em duas horas).

A ingestão causa imediata e intensa dor na boca e faringe [151]. Provoca dores abdominais com náuseas, vômito e possível perda de consciência [036,151,301]. Outros sintomas como proteinúria, acidose, hematemesis, hematúria, anúria, vertigem, coma e morte por falência respiratória também podem ser observados [031].

Ocasionalmente pode ocorrer diarréia (com possibilidade de sangue nas fezes), pele pálida, fria e úmida, além de sinais de choque como dificuldade de micção, convulsões, e estupor.

A ingestão também pode ocasionar inflamação e ulceração /coagulação com necrose na mucosa gastro-intestinal [151].

Também podem ser observadas lesões como corrosão no estômago e estrias esofágicas e colapso circulatório e nos rins após a ingestão. A inalação ou aspiração do produto pode provocar severas alterações pulmonares ao entrar em contato com o meio ácido estomacal [151]. Outras consequências são danos degenerativos no fígado, rins, coração e cérebro.[301, 455].



Intoxicação aguda

No estado líquido ou vapor é irritante para pele, olhos e mucosas. [036,151,301,406]. Também é um potente irritante do trato respiratório. É absorvido através da pele [169]. Pode causar lacrimejamento [455].

Recomendações


Segundo a OSHA, o limite máximo permitido de exposição contínua é de 5 ppm, sendo que, nos casos de pico, a concentração máxima deve ser de 10 ppm. A OSHA classificou o formol como irritante e com potencial cancerígeno.

O Criteria Document publicado pelo Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional dos EUA (NIOSH) recomenda que o limite máximo presente no ar seja de 0.1 ppm/15M e o uso de luvas e máscaras durante a manipulação do produto. A máscara deve ter filtro especial para vapores orgânicos.

Informações adicionais

Sendo um composto com suspeita de causar câncer em humanos, todo cuidado deve ser tomado durante a manipulação do formol. Deve ser estocado em temperatura ambiente, mas não inferior a 15º C (60 F). Deve ser protegido da luz e hermeticamente fechado para evitar contato com a atmosfera e com a luz.

Em caso de derramamento deve-se usar papel absorvente para retirada do líquido. Deve-se retirar toda a roupa contaminada e colocá-la em recipiente adequado para ser descontaminação Caso tenha havido contato com a pele, deve-se lavar a superfície com sabão e água.

Informações técnicas

Nome químico:: formaldeído a 37%

Fórmula química: CH2O

Fórmula estrutural: H2C=O

Sinônimos: formalina, formol, formalit, ivalon, Karsan, Lysoform, Oxometano, Oximetileno.

Informações físicoquímicas

Descrição: composto líquido claro

Peso molecular: 30.03

Ponto de ebulição: 96 C [031,036]

Solubilidade: água: >=100 mg/mL @ 20.5 C (RAD); DMSO : >=100 mg/mL @ 20.5 C (RAD); 95%; etanol : >=100 mg/mL @ 20.5 C (RAD); acetona : >=100 mg/mL @ 20.5 C (RAD)

Volatilidade : pressão de vapor: 93.60 mm Hg @ 38 C (RAD)

densidade do vapor: 1.0 [451]

flamabilidade: Este composto tem seu flash point em 85 C0 (185 F) (058). É um composto combustível.

pH: 2.8-4.0 [031]

Reatividade

O formol é um composto químico com enorme capacidade de redução, especialmente na presença de álcalis. É incompatível com amônia, álcalis, tanino, bissulfetos, preparações à base de ferro, prata, potássio e iodo. Reage com albumina, caseína, Agar-agar formando compostos insolúveis . É violentamente reativo com óxidos, nitrometano, carbonato de manganês e peróxidos.

Estabilidade

Pode se transformar em nuvem especialmente em baixas temperaturas. Pode sofrer oxidação na presença do ar e da luz.





Referencias Bibliográficas

[015] Lewis, R.J., Sr. and R.L. Tatken, Eds. Registry of Toxic Effects

of Chemical Substances. On-line Ed. National Institute for

Occupational Safety and Health. Cincinnati, OH. LP8925000.

March 13, 1989.

[017] Weast, R.C., M.J. Astle, and W.H. Beyer, Eds. CRC Handbook of

Chemistry and Physics. 67th Ed. CRC Press, Inc. Boca Raton,

FL. 1986. p. C-278, #7047.

[025] Buckingham, J., Ed. Dictionary of Organic Compounds. 5th Ed.

Chapman and Hall. New York. 1982. Vol. 3, p. 2676, #F-00656.

[031] Windholz, M., Ed. The Merck Index. 10th Ed. Merck and Co.

Rahway, NJ. 1983. pp. 604-605, #4120.

[036] Bretherick, L., Ed. Hazards in the Chemical Laboratory. 4th Ed.

The Royal Society of Chemistry. London. 1986. pp. 344-345.

[043] Sax, N.I. and Richard J. Lewis, Sr. Dangerous Properties of Industrial

Materials. 7th Ed. Van Nostrand Reinhold. New York. 1989.

Vol. III, pp. 1764-1765, #EMV000.

[047] Weast, R.C. and M.J. Astle, Eds. CRC Handbook of Data on

Organic Compounds. CRC Press, Inc. Boca Raton, FL.

1985. Vol. I, p. 641, #E00210.

[051] Sax, N. Irving, Ed. Dangerous Properties of Industrial Materials

Report. Bi-monthly Updates. Van Nostrand Reinhold Company, Inc.

New York. Vol. 1, #4, pp. 70-72; Vol. 3, #3, pp. 71-76.

[055] Verschueren, K. Handbook of Environmental Data on Organic

Chemicals. 2nd Ed. Van Nostrand Reinhold. New York. 1983.

pp. 678-683.

[058] Information Handling Services. Material Safety Data Sheets

Service. Microfiche Ed. Bimonthly Updates. February/March 1989.

1988. #5833-103, A-10.

[062] Sax, N.I. and R.J. Lewis Sr., Eds. Hawley's Condensed Chemical

Dictionary. 11th Ed. Van Nostrand Reinhold. New York. 1987.

pp. 536-537.

[082] U.S. Environmental Protection Agency, Office of Toxic Substances.

Toxic Substances Control Act Chemical Substance Inventory: 1985

Edition. 5 Vols. U.S. Environmental Protection Agency.

Washington, D.C. January 1986. Listed.

[099] Grant, W. Morton, M.D. Toxicology of the Eye. 3rd Ed. Charles

C. Thomas, Publisher. Springfield, IL. 1986. pp. 442-446.

[107] Occupational Health Services, Inc. Hazardline. Occupational

Health Services, Inc. New York. Listed.

[110] Oak Ridge National Laboratory. Environmental Mutagen Information

Center (EMIC), Bibliographic Data Base. Oak Ridge National

Laboratory. Oak Ridge, TN. Listed.

[120] Oak Ridge National Laboratory. Environmental Teratogen Information

Center (ETIC), Bibliographic Data Base. Oak Ridge National

Laboratory. Oak Ridge, TN. Listed.

[151] Gosselin, R.E., H.C. Hodge, and R.P. Smith. Clinical Toxicology

of Commercial Products. 5th Ed. Williams and Wilkins, Co.

Baltimore. 1984. p. II-187, #482; pp. III-196 to III-198.

[165] Wiswesser, W.J., Ed. Pesticide Index. Entomological Society

of America. College Park, MD. 1976. p. 118.

[169] Hartley, Douglas B.Sc., Ph.D., M.I.Inf.Sc. and Hamish Kidd B.Sc., Eds.

The Agrochemicals Handbook. 2nd Ed. The Royal Society of Chemistry.

Nottingham, England. 1987. Listed.

[172] Worthing, C.R., Ed. The Pesticide Manual, A World Compendium.

8th Ed. British Crop Protection Council. London, England.

1987. p. 431.

[173] Hayes, W.J., Jr. Pesticides Studied in Man. Williams and

Wilkins. Baltimore. 1982. p. 579.

[186] Sittig, Marshall, Ed. Pesticide Manufacturing and Toxic Materials

Control Encyclopedia. Noyes Data Corporation. Park Ridge, NJ.

1980. pp. 429-430.

[215] Rom, William N., Ed. Environmental and Occupational Medicine.

Little, Brown and Company. Boston. 1983. pp. 525-526.

[275] Aldrich Chemical Company. Aldrich Catalog/Handbook of Fine

Chemical. Aldrich Chemical Co., Inc. Milwaukee, WI.

1988. p. 762, #F1,558-7.

[295] Reynolds, James E.F., Ed. Martindale The Extra Pharmacopoeia. 28th Ed.

The Pharmaceutical Press. London. 1982. pp. 563-564.

[301] Dreisbach, R.H. Handbook of Poisoning: Prevention, Diagnosis

and Treatment. 11th Ed. Lange Medical Publications. Los

Altos, CA. 1983. pp. 200-202.

[326] Office of the Federal Register National Archives and Records

Administration. Code of Federal Regulations, Title 29, Labor,

Parts 1900 to 1910. U.S. Government Printing Office.

Washington. 1987. p. 681.

[346] Sittig, M. Handbook of Toxic and Hazardous Chemicals and Carcinogens.

2nd Ed. Noyes, Publications. Park Ridge, NJ. 1985. pp. 462-464.

[395] International Agency for Research on Cancer, World Health

Organization. IARC Monographs on the Evaluation of

Carcinogenic Risk of Chemicals to Man. International

Agency for Research on Cancer. Geneva. Vol. 29, pp. 345-389.

Supplement 7, p. 211-216.

[406] Goodman, L.S., A. Gilman, F. Murad and T.W. Rall, Eds. The

Pharmacological Basis of Therapeutics. 7th Ed. Macmillan

Publishing Co. New York. 1985. pp. 962-963, 1631.

[415] American Conference of Governmental Industrial Hygienists.

Threshold Limit Values and Biological Exposure Indices

for 1988-1989. American Conference of Governmental

Industrial Hygienists. Cincinnati, OH. 1988. p. 22.

[421] American Conference of Governmental Industrial Hygienists.

Documentation of the Threshold Limit Values. 5th Ed.

American Conference of Governmental Industrial Hygienists.

Cincinnati, OH. 1986. pp. 276-277.

[451] National Fire Protection Association. Fire Protection Guide on

Hazardous Materials. 9th Ed. National Fire Protection

Association. Quincy, MA. 1986. p. 325M-54.

[455] The Pharmaceutical Society of Great Britain. The Pharmaceutical Codex.

11th Edition. The Pharmaceutical Press. London. 1979. pp. 372-373.

[545] Office of the Federal Register National Archives and Records

Administration. Federal Register, Dept. of Labor, Part III.

U.S. Government Printing Office. Washington. January 19, 1989.

p. 2959.

[610] Clansky, Kenneth B., Ed. Suspect Chemicals Sourcebook: A Guide to

Industrial Chemicals Covered Under Major Federal Regulatory and

Advisory Programs. Roytech Publications, Inc. Burlingame, CA.

1990. Update, p. xv.

[620] United States National Toxicology Program. Chemical Status Report.

NTP Chemtrack System. Research Triangle Park, NC. November 6, 1990.

Listed.

Nenhum comentário:

Postar um comentário