terça-feira, 13 de julho de 2010

Beleza por um fio


Não restam dúvidas de quanto o formol é prejudicial à saúde do profissional e da cliente. Mas o que dizer da aparência do cabelo submetido a essa química? O engenheiro químico Adriano Pinheiro, do laboratório Kosmoscience Ciência & Tecnologia responde à questão











Os estragos provocados pela substância no organismo são muitos, mas não os únicos. Há também os danos ao cabelo. Sim, no lugar da tão sonhada cabeleira lisa e linda, o formol resulta em fios partidos e opacos. “Além dos aspectos toxicológicos, o formaldeído atua como agente plastificante da fibra capilar. Isso ocorre por meio de uma reação química que gera a estrutura característica de um plástico”, explica Adriano Pinheiro.



O que isto significa para a cliente? “Perda de elasticidade e flexibilidade do fio. Assim, com o enrijecimento, qualquer esforço brusco ao manusear o cabelo pode causar a quebra prematura da fibra”, detalha o especialista, que emenda: “Até atos simples como pentear e escovar quebra os fios com formaldeído. Durante o sono, o peso da cabeça sobre as fibras acelera os processos de fratura”. Os danos não param aí. “Acontece ainda desidratação, pois o filme criado pelo formaldeído é hidrofóbico, ou seja, repele a água. Dessa forma, o equilíbrio hídrico da fibra em função da umidade relativa do ar é prejudicado, levando ao ressecamento ao longo do tempo”, completa.



Segundo o químico, nos primeiros momentos a cliente pode até adorar o resultado, mas após alguns dias perceberá o cabelo seco, quebradiço e sem movimento.



Solução radical

Com tantos estragos, como tratar os fios? “Não existem processos

para hidratar um cabelo com formaldeído. Como a superfície se torna hidrofóbica, ocorre um processo de deformação das cutículas que lacram a entrada das substâncias presentes nos cosméticos no córtex capilar”, completa o cientista.



Para piorar, não se consegue

remover o formol. “Ocorrem ligações covalentes, irreversíveis. Só existem três soluções pós-formaldeído: aguardar o crescimento do cabelo e cortá-lo, esperar a quebra da haste ou, caso o fio seja mais grosso, remover camadas cuticulares superficiais para amenizar o efeito, melhorando a elasticidade e flexibilidade da fibra ao longo do tempo”, esclarece





Fonte: revista cabelo & Cia de junho de 2010.
Os perigos do formol


A substância é ilícita. Isso, por si só, é motivo mais do que suficiente para bani-la dos salões. Ponto. Para além da proibição, no entanto, já não restam dúvidas: o produto químico pode provocar câncer

por Thais Cavalheiro




Todo eles fazem tudo sempre igual: com pequenas variações no método, lavam o cabelo da cliente com xampu antirresíduos, secam, aplicam uma mistura de defrisante, queratina líquida e formol, escovam com secador e passam a chapinha bem quente. Isso, no mínimo, uma vez ao longo do expediente. Sim, esse é um assunto que diz respeito diretamente a você, cabeleireiro. Lamentamos informar: quem se expõe durante toda a jornada de trabalho, mês após mês, aos vapores do formaldeído, o outro nome da substância química usada na técnica da escova progressiva, integra o grupo de risco para desenvolver um câncer.



Se você duvida desse potencial cancerígeno e dá de ombros, achando que há um certo exagero quando o assunto é o mal afamado formol, aceite nossa sugestão: faça uma busca no Pubmed – base virtual de dados bibliográficos, que pertence ao governo americano e armazena artigos científicos de todo o planeta. Tida como a mais séria da medicina, ela registra nada menos do que 2.484 artigos sobre a relação entre formol e câncer!



Os antenados nas notícias internacionais sobre procedimentos estéticos perguntariam: “Como existem tantos estudos se a técnica brasileira de alisamento foi exportada há pouco tempo?” Ocorre que há décadas o formol é largamente utilizado nos mais diversos setores da indústria – da fabricação de celulose à de tintas e corantes, passando por resinas, espelhos e desinfetantes.



Um dos trabalhos mais recentes sobre a questão, publicado em maio de 2009 no Journal of the Nacional Cancer Institute, a prestigiada revista do Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos, dá conta de que os operários da indústria expostos a altos níveis de formol tiveram maior probabilidade de morrer de vários tipos de câncer de sangue e do sistema linfático, principalmente leucemia, do que os que não tinham tido contato com a substância. Foi um trabalho de fôlego: durou 40 anos e pesquisou 25 mil trabalhadores.


Materia publicada na Revista Cabelo & Cia de Junho 2010